Entrevista: Engenheiro Gilberto Campos
Com diversas passagens pela Defesa Civil de Salvador, Gilberto Campos tem dedicado sua trajetória profissional, iniciada em 1992, à engenharia ambiental e às ações da defesa civil. Ao retornar à Codesal, no ano passado, encontrou o órgão em processo de modernização. Nesta entrevista, ele fala sobre sua trajetória profissional, os novos paradigmas operacionais adotados no órgão, entre os quais a introdução de recursos tecnológicos, a exemplo do Centro de Monitoramento, voltado para as ações de redução de riscos nas áreas de encosta da capital baiana. Segundo ele, essa evolução ocorreu de forma rápida e efetiva, com resultado de melhoria no atendimento e em nossos trabalhos, a exemplo das vistorias e do encaminhamento.
Fale sobre sua trajetória como engenheiro civil.
Sou formado pela Universidade Católica de Salvador em 1992 e sempre tive o foco de trabalhar na área ambiental. Fui apresentado à Codesal em 1996, devido a minha experiência, e constatei que existia uma integração muito grande entre as ações da defesa civil e a área ambiental. A partir deste contexto voltei minha atuação profissional na área ambiental e sempre que tinha alguma oportunidade voltava para as ações de defesa civil. Trabalhei aqui na Codesal e na antiga Coordenadoria de Ações de Risco do Estado, a antiga Codec, prestei também serviços ao Ministério da Integração na Defesa Civil Nacional.
Você voltou a atuar na Codesal no ano passado. Como foi esse retorno em comparação com experiências anteriores?
Nesse período notei uma evolução muito grande em relação aos processos que adotávamos desde 1996, quando tive o primeiro contato com a Defesa Civil. Lembro das antigas vistorias que fazíamos manualmente e hoje trabalhamos com o tablet, celulares e toda esta rede que existe hoje de informações conectadas, a exemplo do Centro de Monitoramento. Então neste intervalo tive uma surpresa grata, identifiquei que essa evolução ocorreu de forma rápida e efetiva, com resultado de melhoria no atendimento e em nossos trabalhos, a exemplo das vistorias e do encaminhamento.
Antes a Defesa Civil centrava suas ações na resposta as ocorrências. Hoje o foco é a prevenção. Como você vê esses novos tempos?
São várias as tentativas de se trabalhar junto com a parte de prevenção. Mas eu diria que nos últimos quatro anos, especificamente aqui em Salvador, esta situação tem mudado baste diante de uma determinação maior de que essas ações preventivas realmente aconteçam. Comparado com situações anteriores, com certeza, este período tem trabalhado muito mais com a parte da prevenção o que é extremamente positivo.
No âmbito da trajetória profissional seu foco tem sido nas ações da defesa civil?
Com certeza. Não é um engenheiro qualquer que se identifica com essa área. Não estou querendo dizer que sou diferente dos outros, mas que a gente tem um objetivo e um foco no trabalho que é diferenciado. É uma ação na comunidade, é o respeito para com esse vínculo com o meio ambiente. E a Defesa Civil trabalha muito ligada a este contexto. E é isso que me dá prazer em trabalhar nesta área.
Quais os momentos que marcaram as suas atividades aqui na Codesal?
Lembranças profissionais eu diria que tive momentos marcantes, ligados principalmente a acidentes que ocorreram, mas que felizmente que não tiveram vítimas, como a Rua de Deus onde ocorreu um escorregamento de grandes proporções com casas destruídas e, ao mesmo tempo, sem nenhum ferido. Outro momento foi lá na região de Vista Alegre onde também houve deslizamento, felizmente sem vítimas. Pessoalmente tive vários amigos formados aqui com os quais tive contato profissional e ao sair continuo mantendo contato com essas pessoas. Tem sido extremamente positivo para mim.
Como está estruturado o projeto PAE e como ele vai ajudar a implementar as ações da Defesa Civil?
O Plano de Ações Estratégicas surgiu como uma proposta para intervenções em áreas de risco. A gente trabalha muito na área de prevenção e nas ações emergenciais, e a proposta é que passemos a trabalhar agora na consolidação dessas áreas para que esses riscos já identificados e as medidas emergenciais já tomadas possam sanar esses riscos, possibilitando uma maior estabilidade nas localidades consideradas de risco alto ou muito alto. Trabalhamos com outros profissionais aqui da Codesal numa proposta de criar ações urbanísticas que propõem intervenções que vão desde situações emergenciais dadas, consolidando essas intervenções para que estrategicamente seja possível mudar a característica daquela área de risco. São propostas que incluem a retirada de algumas moradias, intervenções relacionadas com drenagem ou com a ausência dela e, por isso, há a necessidade de serem executadas. Portanto é uma visão diferente do que a agente fez anteriormente que era ir para o local identificar quais eram os problemas, mas não dar nenhum tipo de solução. Agora apresentamos propostas que vão produzir efeitos.
O que diferencia esta proposta?
É que agora temos uma visão do risco. Não se trata apenas de um projeto criado por engenheiros e arquitetos. É um projeto criado com a missão de redução de risco. E com a gente tem a expetise relacionada com este meio, que lida com riscos geológicos, riscos urbanos, também temos a capacidade de apresentar soluções. Então, trata-se de um proposta inovadora neste momento e que acredito que vai dar excelentes resultados para as comunidades de maneira geral.